terça-feira, 6 de julho de 2010

No coletivo I

No ônibus indo para Ilhéus ouvimos Flávia, de Eunápolis até São João da Panelinha.
Ela entrou no coletivo entoando um grito estridente, completado duma risada larga.
A primeira sensação que tivemos ao vê-la foi de conforto: - viva a esperança!
Pensei na Alegria do povo Bahiano.
A voz de Flávia ecoava com humor durante a viagem.
"Capar o Gato" foi uma das expressões que usou querendo dizer: Tomar outro rumo.
- Eu vou é capar o gato pra lá!
Suas filhas são Bruna e Bruniele.
Flávia disse querer um filho, mas contou que a despesa já é muita.
Perguntou se no Rio de Janeiro havia farinha de Mandioca, e complacente com nossa condição de viajantes ofereceu-nos abrigo em sua casa.
Nos despedimos agradecidos, e ela saiu - sorridente, em paz com as meninas, cheia de algo simples e eloquente.

Um comentário:

  1. (gostei, deixa eu tentar fazer parecido aqui de improviso)

    Outro conto do coletivo

    Sentou-se ao meu lado carregado de chicletes. Preencheu o vazio com a presença da perda.
    Queria dinheiro? Contava mentira?

    O menino de olhos de chuva fez lavar a dúvida. Furtado por pivetes, pedia só afeto. Disse, com dificuldade, que aquele era um dia perigoso. Que as quintas-feiras não são como os sábados e que aquela era a primeira em que fora subtraído na vida.

    E vendo o peso do menino triste, evoquei a santa praia de domingo depois da chuva passageira. Ainda bem que há mar e meninos nessa vida! Parti agradecida de beleza e chance, de estar perto de uma criança que perdeu alguma coisa de superfície, não o essencial.

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